quarta-feira, 26 de abril de 2017

Ralph Stanley - O Death (O brother where art thou? Soundtrack)

Confirmando o que havia escrito no post anterior (mesmo antes da revelação ali presente, eu já havia começado esta nova fase) vou contar algo e junto cito uma música (que pode ter relação ou não com a história):
Pouco tempo depois que me mudei, ouvia vozes de pessoas discutindo, que chegavam até meu quarto através do vão do corredor da garagem. Indaguei a síndica e ela me revelou que se tratava dos habitantes do bloco 2. Um sobrinho e sua tia que brigavam muito. Segundo a síndica, o sobrinho era advogado, mas não havia desistido da advocacia. Morava junto de sua tia, a qual ganhava um aposentadoria que utilizava para sustentar os dois. Ele era um rapaz gordo, baixo e moreno; ela, uma senhora idosa, de cabelos longos e grisalhos e muito magra. As brigas eram constantes e não se limitavam ao limites do apartamento. Às vezes eu os via caminhando na rua. Ele andava à frente e ela ia atrás. Nunca quis me meter no relacionamento deles, pois mesmo que algumas vezes eu ouvisse suas brigas (dependia da direção do vento), achava que isso não me dizia respeito.
Há uns 2 anos, a tia morreu. Não vou lembrar o motivo, mas era idosa e é bem possível que tenha sido de causas naturais. O primeiro pensamento que passou em mim cabeça foi que ele iria se matar em breve. Mas depois, parei de pensar nisso. Às vezes acho que meu trabalho me deixou frio demais.
Na sexta-feira passada, dia de folga, ele cometeu suicídio. Por motivos que prefiro não citar aqui no blog, adentrei o apartamento dele, enquanto seu corpo ainda estava pendurado pelo pescoço. Ele usou três gravatas, amarradas entre elas, cujo nó de fixação era em uma barra de fazer exercícios que estava na porta de um quarto. Ele estava de joelhos, com a cabeça pendendo para o lado. Todos sinais típicos da morte por enforcamento estavam presentes. O estado do apartamento era precário: lixo por todo lado, bagunça generalizada, péssimo estado de conservação do piso e das paredes - todas características típicas do quadro de depressão.
Quando vi o cadáver, não o reconheci, pois ele estava muito magro. Foi encontrado por um parente, que deu sua falta há dois dias, quando ele não apareceu para almoçar, como fazia diariamente. Não sei como ele se sustentava, pois pelo que falavam, ele vivia às custas da tia que já havia morrido.
Fico pensando se eu poderia ter evitado, pois tive o pressentimento de isso iria acontecer. Não sei ele era boa ou má pessoa (apesar de que todos os vizinhos dizerem que ele maltratava sua tia), mas a cena que presenciei foi muito triste e não sei que tipo de pessoa merece isso. O que a cena me passou é que ele não via mais saída, não via um futuro, não via um motivo para continuar prolongando sua existência. Sempre fico imaginando os momentos anteriores da morte dos suicida: eles planejam e preparando o ato, fazendo os nós, carregado a arma, subindo nos parapeitos das janelas. Eles choram? Pensam em desistir? Nunca saberemos. Quando tenho a possibilidade de analisar os bilhetes de suicídio, sempre me atenho a eles. É nítida a alteração emocional que se percebe através da alteração da letra, assim que vai chegando ao fim. Apesar da morte fazer parte da vida, ainda não sabemos lidar com ela.
Lembrei-me desta música, que faz parte do filme "E aí meu irmão, cadê você?" dos irmãos Coen. É um dos meus filmes preferidos, cuja trilha sonora é espetacular.

O DEATH

Ooh death
Whooooah death
Won't you spare me over ‘til a another year?
Well what is this that I cant see 
With ice cold hands taking hold of me
Well I am death none can excel 
I'll open the door to heaven or hell
Whoa death someone would pray 
Could you wait to call me another day
The children prayed the preacher preached
Time and mercy is out of your reach
I'll fix your feet so you can't walk 
I'll lock your jaw so you can't talk
I'll close your eyes so you cant see 
This very hour come and go with me
Death I come to take the soul 
Leave the body and leave it cold
To drop the flesh up off the frame 
Dirt and worm both have a claim
Ooh death
Whooooah death
Won't you spare me over ‘til a another year?
My mother came to my bed 
Placed a cold towel up on my head
My head is warm my feet are cold
Death is moving upon my soul
Oh death how you treating me
You closed my eyes so I can't see
Well you hurting my body you make cold
You run my life right out of my soul
Oh death please consider my age
Please don't take me at this stage
My wealth is all at your command
If you will move your icy hands
Oh the young, the rich, or poor 
How will like me no (?)
No wealth no land no silver or gold 
Nothing satisfies me but your soul
Ooh death
Whooooah death
Won't you spare me over ‘til a another year?
Won't you spare me over ‘til a another year?
Won't you spare me over ‘til a another year?





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