sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

The Sugarcubes - Birthday e Hit (Dose dupla)





The Sugarcubes foi a primeira banda que eu gostei por conta própria (isto é: sem a influência dos meus irmãos mais velhos). Eu lembro que nem existia MTV e tinha um programa de música que eu gostava, desses que passam em canais locais. Quando eu vi a Björk pela primeira vez (naquele vídeo que coloquei acima, o "Birthday"), com 25 anos, rosto e jeito de criança, voz estridente e um som que nunca tinha imaginado que alguém pudesse fazer com a voz, eu senti o que eu chamo de "ouvir a música pelo estômago". Sabe quando você fica com algum ritmo tão internalizado que ele bate na divisão das costelas, no meio do peito? Foi o que aconteceu comigo. Eu tinha 9 anos.
Eu sei que fiquei imitando a Björk tantas e tantas vezes, porque comprei o VHS que tinha esse vídeo e, na época, o Inglês dela era pior que o meu, cheio de sotaque. Eu pedia para minha mãe traduzir o que ela dizia, porque eu queria ENTENDER a Björk. Veja bem. ENTENDER. Entender o caralho. Eu queria SER a Björk, olha que pretensiosa.
Na época, ainda tinha a revista Bizz e bastava ter alguma matéria de qualquer coisa que vinha da Islândia, eu comprava.
Eu mandei fazer um vestido igual a esse do vídeo. Eu queria andar de branco como ela. Aos 17, comprei um cuturno branco e lixei - porque a Björk fazia, eu imitava (nesse tempo, ela já andava no segundo disco solo e tempos antes, quase morri porque o Sugarcubes acabou). Eu fui a primeira a fazer aqueles rolinhos no cabelo, onde uma galera me parava na rua para saber de que planeta eu tinha vindo (anos mais tarde, penteado imitadíssimo pelas musas do Axé, num tempo que eu já tinha parado de usar). Eu usei aquele cabelo arrumado/desarrumado do vídeo Hit durante muito tempo. Não, não fui eu quem inventei. Foi ela.
Hoje eu vejo que parte de quem sou se deve à Björk e à minha descoberta precoce de que, mesmo que venha de muitos quilômetros de distância e uma cultura totalmente diferente da sua, pode existir um som que mude a sua vida.
A minha, pelo menos, mudou.

3 comentários:

  1. Eu estava há tempos querendo contar dessa história da Björk. Até hoje percebo trejeitos e manias que tenho, que foram "treinadas" à exaustão. A mania de mexer com as pontas dos dedos, bater os pés e as mãos quando estou feliz, dobrar os ombros e olhar por baixo quando converso: eu não sei se já era assim, ou se, de tanto tentar imitar, acabei ficando assim.
    Não tenho como não ser emocional quando penso que uma banda influenciou todo o meu comportameto.
    Desculpem. É mais forte que eu.

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  2. Obs: é engraçado como hoje eu vejo coisas na Björk que são, na verdade, do Robert Smith, do The Cure. Pois é. No fim, tudo acaba nele. :)

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  3. Eu já te achava umas pessoas mais cools, integrante do casal mais cool que eu conheço.
    Depois dessas história tu ganhou a estrelinha de top-top.
    Tão legal quanto a Bjork, são as pessoas que curtem Bjork. O que falar de pessoas que querem ser a Bjork?

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